GALERIA FRANCISCO FINO
GALERIA FRANCISCO FINO – 11.09 a 31.10
(inaugura a 11 de Outubro às 17h00)
Rua Cap. Leitão 76, 1950-052 Lisboa
3ª a 6ª 12h > 19h
Sáb. 14h > 19h
Karlos Gil – Come to dust
O nevoeiro como espaço a um só tempo físico e mental, um campo imaginário onde animais, humanos e monstros coexistem em meio a uma atmosfera que oferece densidade, risco e beleza.
Neste projeto, a ideia de nevoeiro
conforma um plano ficcional, um território ainda por explorar e compreender,
cujos códigos e mistérios se apresentam como alternativa ao léxico científico;
a névoa como antídoto epistemológico às narrativas previamente produzidas e já
conhecidas – um portal de acesso a outro mundo, e às suas dimensões míticas ou
fantásticas. Neste sentido, aquilo que para a ciência está no campo da
descoberta, encontra-se para a arte na esfera da invenção.

Karlos Gil busca no encontro entre natureza, cultura e tecnologia (na segunda natureza, portanto) a chave poética para um manancial de dúvidas e ficções um pouco mais além das narrativas e do conhecimento ocidentais. Assim, a polêmica figura do explorador se transmuta na do artista, cuja experiência no reino do desconhecido prescinde das ferramentas de destruição, uma vez que converte a própria ideia de destruição num ato de reformulação da realidade, movido pela potência dos instintos, da alteridade e da curiosidade. Em vez de uma selva, um bosque enevoado, onde mutações ocorrem não apenas na paisagem visível e nos seres animados, mas sobretudo nos processo mentais que fazem emergir as quimeras.
Entre a obscuridade da noite e a extrema visibilidade do dia, os monstros silenciosamente regressam aos seus domínios, à zona pantanosa do sono e dos sonhos, ainda que os rastros deixados sob a neblina de nossa consciência sirvam como índices dos câmbios em nossa percepção da vida, do outro e da morte do mundo tal qual o conhecíamos. A névoa como assombro e transformação.
BIO
Através da escultura, da instalação e do vídeo, Karlos Gil (Talavera, 1984), aborda as questões fundamentais sobre o que significa ser humano no mundo actual. Alguns dos seus projetos recentes reflectem sobre a relação entre desenvolvimento tecnológico e os fundamentos do mundo natural, nomeadamente sobre a elisão da frontera entre o orgánico e o artificial.
Karlos Gil estudou em Nova Iorque e nas faculdades de Belas Artes Artes em Lisboa e Madrid, onde recebeu o doutoramento em 2016. Gil tema presentado o seu trabalho em exposições internacionais nomeadamente na Galeria Luisa Strina, Sao Paulo; Gasworks, London; Centre Pompidou, Paris; HKW, Berlim; Witte de With, Roterdão; NTU CCA, Singapura, CRAC–Montbeliard; MARCO, Vigo; CA2M, Madrid. Em 2012 participou na III Moscow International Biennale.